quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O girassol...

Eu estava em casa. Arrumando as malas para mais uma viagem a trabalho. Francisco entra no quarto e fala: “-Papai, o que é estar apaixonado? Acho que estou amando!” Depois do susto, retruquei: “- Vá falar com sua mãe! Eu to ocupado demais para responder a essas perguntas”. Francisco saiu cabisbaixo, mas curioso, insistente em descobrir difícil resposta. Ah, Francisco tem apenas 10 anos. “-Mãe, o que é estar apaixonado? Acho que estou amando!”. “-Menino, que conversa é essa? Você não tem idade pra isso não, oxe! Vá fazer a tarefa de casa!” No dia seguinte, Francisco sai com uma dessa: “-Mãe, a senhora sabia que a semente de girassol é usada como biodiesel?” – “-Que lindo filho! Tão inteligente!” “-Aprendi na aula de ciências de hoje. Estudamos o girassol. E ele me respondeu o que a senhora nem o papai quis me dizer ontem” – O que foi?” “O girassol me ensinou o que é estar apaixonado. Mãe,o girassol tem esse nome porque ele sempre está voltado para ‘olhar’ o sol. Assim, acontece quando a gente ama. Nossos olhos ficam voltados para a pessoa amada o tempo todo. E assim como o jardineiro precisa regar as plantas, adubar, ter um cuidado repetitivo e constante para as plantas crescerem e ficarem bonitas; com o amor acontece a mesma coisa. O amor não nasce da hora para outra. Ele vai crescendo como num jardim. O amor é feito de pequenos cuidados constantes: sol, água, sombra, adubo, alegria, carinho, atenção… Mãe, e é isso que sinto pela Renata, meus olhos se voltam sempre para ela, como se ela fosse o sol para mim”. Depois disso, saí calada da sala. Pensei que as aulas atualmente estão muito modernas. Ou, então, meu filho, realmente, está amando aos 10 anos. E dando-me lições. Bem, resolvi amanhã mesmo começar a cuidar do meus jardins: o exterior e o interior.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Você pegou na minha mão...

Final de tarde. O sol sorrindo me dando adeus. A lua chegando de mansinho, sorrindo, também, me dizia “oi”. Andávamos pela cidade. Pessoas conversando. Casais comendo pipoca. Crianças andando, brincando. Mães conversando. Pais rindo. Jovens andando de skate. Outros sentados no chão conversando, rindo. Um ar de alegria envolvia aquela pedacinho da cidade. E por incrível que pareça eu não sabia o que ainda iria me acontecer (risos tímidos). Bicicletas passam por nós. Uma jovem, sozinha e, talvez, um pouco triste tocava violão. Escuto a nossa música: “Você que tanto tempo faz, Você que eu não conheço mais, Você que um dia eu amei demais, Você que ontem me sufocou, De amor e de felicidade, Hoje me sufoca de saudade...” Música que se tornou minha e sua, depois da nossa briga, depois do tempo que demos um ao outro. Depois da solidão que decidimos abraçar em vista do orgulho de abraçar um ao outro. Escutei a música, olhei para você e você pegou na minha mão... Engraçado como um gesto tão simples pode nos devolver a condição de filho, de amado, de pertença. Naquele exato momento, entendi porque a mãe aconchega o filho no colo; entendi porque os contratos são feitos com apertos de mãos; entendi o abraço dado através do toque de uma mão entre os namoros proibidos. Ah, apertos de mãos que dizem mais do que um acordo fechado. Entendi e lembrei que na nossa briga, foi você quem primeiro estendeu a mão (é, meu orgulho não deixou eu fazer tal ato). Sua mão me alcançou primeiro no coração, no gesto de cuidado, de afeto, para depois encontrar minha mão e meu corpo. Hoje, segurar sua mão é ter a certeza de que te amo não por mim, ou até mesmo, por você, te amo porque você soube me ensinar a ser corajoso e escolher o amor a dois em detrimento de uma mão só vagando pela cidade tão bela, mas que não conseguia ser feliz, por não ser aconchego na mão do outro.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Gosto de saudade...

10 horas da manhã. Um trânsito infernal. O sol brilhava forte, poderoso sobre todos nós. A praça no centro da cidade estava repleta de gente. Todos passavam com pressa. Era possível ver camelôs, criança chorando segurando a barra da saia da mãe. Executivos falando ao telefone. Jovens apaixonados andando de mãos dadas e trocando palavrinhas carinhosas (aquelas palavras bobas e infantis que só usamos quando estamos apaixonados). Também vi rostos tristes, preocupados, tensos... Os pássaros estavam no chão da praça. Os pombos, na verdade. E eu me perguntando se isso não é uma cena de filme de Wood Allen (risos tímidos). Eu? Eu estou aqui em plena praça da cidade. Parei para comer saudades! Isso mesmo! Comprei um algodão doce. E pude experimentar o gosto da saudade. Saudade da infância. Saudade da comida da vovó. Saudade dos braços de minha mãe. Saudade da cidade pacata, do carrinho de algodão doce. É interessante como algumas situações, coisas, objetos, pessoas... sei lá, têm o poder de nos remeter ao interior de nós mesmos. E lá, num recôndito só nosso, encontrarmos o cheiro, o gosto da saudade, do lar, do aconchego... De repente, o celular toca. Acordo das minhas reminiscências e... Vejo seu nome. Você me liga. Wow! Sentimentos de saudade e você, depois de uma semana me ligando. Depois de uma semana sem nos falarmos, sem nos vermos. Sem notícias, sem mensagens, sem e-mails. Por um momento, acreditei em sinal de fumaça ou em pombo correio. Mas não tive notícias alguma. E agora, essa ligação no meio de um êxtase de saudade. Atendi a ligação e confesso: ouvir você, sua voz dizendo o meu nome foi o melhor de uma sexta-feira em pleno centro da cidade. Foi como prolongar o êxtase do algodão doce com um êxtase longo, fininho que se vai bem devagar, mas que fica marcado no canto da boca com um sorriso e uma luz nos olhos capaz de causa inveja a qualquer estrela.