sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um carrinho de compras a meia-noite

Sexta-feira à noite. Ou melhor, quase sábado e eu fazendo a feira num supermercado 24 horas. Tudo bem, nada como uma boa música no meu iphone que não resolva, não motive. Já disse que sou muito musical? Tudo para mim tem que ter uma trilha sonora. Penso em uma música para cada momento (risos tímidos). Margarina, açúcar, feijão, arroz... está faltando azeite. Azeite... Azeite... Cadê você azeite? (Tenho mania de personalizar objetos, animais. Só para esclarecer, até meu computador tem um nome kkkkk). Distraído bato num carrinho de compras. Você se vira com um ar de raiva. Mas, no meu bom humor (ou cara de pau, não sei ao certo) tomo iniciativa e digo algo do tipo: “Deveria ter um semáforo para carrinho de compras e um Detran pra me prender aqui dentro”. Você começa a sorrir. Logo aquela cara fechada (e que queria me bater mentalmente) começa a sorrir. Cabelos cacheados, barba por fazer, praticamente, estilo “estudante de jornalismo”. Um sorriso de menino-homem, sorriso ingênuo e safado que desconcerta qualquer pessoa que tenha o romantismo um pouco mais forte do que uma sopinha de letrinhas (kkkkkkk). Saio logo de perto dizendo mentalmente para mim mesmo: “não foi nada. Isso é uma ilusão. Ele é feio, feio, feio, feio...feio... mentiraaaaaaaaaaaaa... é lindo. Mas tudo bem, continuemos. Não é porque alguém sorriu para você que significa que esteja apaixonado. Olha a carência! Ao chegar no caixa, descubro minutos depois que dois carrinhos atrás do meu, está você. Ai, não acredito. Deve ser destino, ne? Universo conspirando? Sei lá o quê. Mas veja como ele é lindo!! (Essa ordem não é para você que não está lá. Mas é uma conversa mental. Deve ser o consciente dizendo para o inconsciente, sei lá. Só sei que faço essas coisas – risos tímidos). De repente, percebo você olhando para minha direção. E não é olhar de Ricardo Macchi, mas sim um olhar como quem cativa, desvenda, invade sem tocar... Ai odeio isso. São 00h30. Eu morto de cansado. Doido para chegar em casa e... justo agora, sou paquerado. Isso é hora?!! (Risos, muitos risos). Começo a passar as compras e percebo que esqueci o atum para a salada. Com minha mania de pensar alto digo: “faltou o atum”. Então, peço a menina do caixa para conseguir que alguém consiga tal item para mim. Segundos depois, sinto alguém tocar em mim. Viro-me e vejo o seu rosto. Um sorriso encantador. Suas armações de óculos assim de perto são mais belas..."Ouvi que você queria atum. No meu carrinho tem dois. Então, tome uma latinha e não percamos mais tempo.” Depois do susto e do surto, pensei alto: “percamos?”. Qual é cara? Não somos crianças, bebês. Pela maneira que você faz as compras, pelos alimentos que há no seu carrinho, você mora só e está solteiro. Eu também estou. Gostei de ti desde o primeiro momento que você entrou no supermercado. Meus olhos te seguiam a cada seção. Você tem uma luz, uma alegria, passa algo muito bom. E isso me encantou. Quero isso para mim. Quero você para mim. E não aceito um “não” como resposta.” Sem graça, engolindo seco. Querendo cavar um buraco. Totalmente sem ação fiquei. Porém, ainda tinha mais surpresa. Ao passar a lata de atum, embaixo da lata senti algo diferente. Era um papel. Seu cartão. Puxei o papel antes que a moça do caixa visse. Nome...... sobrenome.... telefone... E atrás do cartão com uma letra bem desenhada tinha escrito: “Quando você parar de ter medo de amar, será mais feliz”. Olhei para cima e disse: “Tá bom de fora por hoje ne?” (Risos tímidos e quase chateado de tão sem graça).

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Aquilo que meu olhar guardou para você!

Dia 03 de novembro de 2012. Sábado à noite. Próximo de um feriado. Recife, às vezes, é injusto ao conjugar as palavras “feriado” e “agenda cultural”. Mas tudo bem, naquele dia já estava mais do que certo. Eu iria ver uma peça que já passou, reprisou, voltou, foi e eu não vi. (...) Acabei de chegar do teatro. Vi, até que enfim, a peça do grupo Magiluth: Aquilo que meu olhar guardou para você! Encantado estou! Peça muito boa! Estou refletindo até agora sobre as milhares de informações e emoções que habitam em mim. Uma das cenas mais linda para mim foi a cena da despedida na estação rodoviária. O rapaz de costas segurando uma mala na mão direita e na outra mão acenando. E me pergunto: peça baseada (segundo os próprios atores nos falaram no início) em fotos tiradas na cidade do Recife. Ou seja, texto baseado em cotidiano, em vida. Vida que se mexe, que se move, que se escapa, que se esvai... Quantas pessoas passaram pela minha vida e com suas malas foram embora? Será que eu deixei minha marca nelas? Qual diferença fiz na vida delas? Cena da boate. Um (RE)encontro. Uma (IN)feliz coincidência. Algumas palavras. Uma declaração: te amo. Uma reposta: já? Uma tréplica: quem estabeleceu o tempo para dizer que amamos? Pura verdade! Em que cartilha reza que só podemos declarar amados, amantes depois do 43º encontro? A cartilha da mágoa? Da dor? Do medo de amar? Leve. No mínimo, mais leve seria o mundo se nós não teorizássemos tanto. Oi! Teu nome? Prazer! Podemos ser amigos? Senta aqui, me conta como foi o teu dia hoje! Eu curti tua foto no face. Eu te adicionei no twitter. (...) Em um mundo globalizado, onde as relações são líquidas (cf. Zygmunt Bauman). Só porque te tenho no face ou porque te vi duas vezes já nos tornamos amigos? Você me deu um lugar para sentar. Foi gentil. Isso constitui interesse afetivo? Um mundo mergulhado na piscina dos seus umbigos fica fadado a se apaixonar com um espirro e exigir “até que a morte nos separa” para o cobrador de ônibus, ne? Desconstrução. Essa é a palavra-mestra. Palavra-chave que resume (sem querer diminuir) a peça “Aquilo que meu olhar guardou pra você”. São Francisco de Assis, certa vez disse: “para construir a igreja, é preciso destrui-la”. Quantas coisas em nossas vidas precisam ser reconstruídas? Sonhamos com mudanças, desejamos novos ares, mas não queremos pagar o preço da dor da desconstrução. Fruto de uma sociedade que desaprendeu com a dor, desaprendeu a ver o belo na dor e saber que amor e dor não são tão opostos, eles são vizinhos, quase inquilinos da mesma casa: o amor. Esse texto era para ser diferente. Esse blog não deveria ter esse texto. Afinal... Afinal um cacete, estou aqui para desconstruir e construir. Você ainda não entendeu? Experimente essa desconstrução-construção e depois conversaremos. Experimente ver a peça de novo! Ei, psiu! Como é o seu nome mesmo?

domingo, 4 de novembro de 2012

"Amor, me ajuda!"

Domingo. Eu em casa. Sozinho. Você foi comprar nossa comida. Depois de uma briga, depois de um fim de semana fazendo as pazes, eu fico aqui fazendo memórias. Na sacada de nossa casa. De frente para o céu em que o sol se põe e é testemunha de minhas lembranças. Lembranças que me fazem sorrir e chorar ao mesmo tempo. Engraçado isso! Que contradição! Mas, tudo bem, é um choro de alegria curtido ao recordar o dia em que nos conhecemos. Eu tinha terminado um relacionamento. Estava sensível, abusado. Os amigos me chamaram para sair e não dar “asas à solidão e à depressão”. Recife Antigo, um domingo de tardezinha. Um dos meus lugares preferidos. Os meninos (meus amigos) sabiam disso, por isso fizeram questão de me levar para lá. Passeávamos, conversávamos,ríamos muito e... de repente, você passa. Ao longe me elege como objeto do seu olhar. Dessa vez, eu não percebi. Meus amigos mostram-me você. Olhei. Gostei do que vi. Porém, a dor do rompimento do relacionamento era grande. Daquele dia em diante prometi que ficaria sozinho e não sofreria mais. Uma espécie de defesa da minha parte. Depois de mais algumas caminhadas, o Juninho encontra um grupo de amigos. Nesse momento, estávamos longe comendo tapioca, rindo, nós nos sujávamos ao comer e tentar equilibrar tapioca, refrigerante, sorriso, piadas. Juninho se aproxima. Ele e os amigos dele. Alguém me cutuca. O outro pisa no meu pé. Os meninos tentavam chamar minha atenção, pois eu estava rindo e nem aí “para o Brasil”. No meio dos amigos de Juninho, estava você. Tomei um susto. 10 segundos de silêncio que pareceram uma eternidade. E você me olhava de uma forma tão decidida. Uma maneira que gosto, que desejo, que espero, mas me dava uma ponta de medo. E pensava: “ai, de novo não. Por favor, para! Não quero me apaixonar. Eu conheço esse olhar. Céus, alguém aí em cima manda ele parar de me olhar assim”. Eu e minha mania de pensar 10 kilos de coisas em poucos segundos. O pior não foi isso. Quando nos conhecemos, eu com as mãos entre a tapioca e o refrigerante. Estava com um pouco de comida no canto esquerdo do rosto, perto da boca. E você com delicadeza e ousadia, pede licença, toca no meu rosto e diz: “parece um menino comendo, deixa eu te ajudar”. Ai!! Naquele instante um misto de raiva e alegria tomou conta de mim. Como é que você nem me conhecia e me chamava de “menino”, de criança. E ainda ousava tocar em mim. Quem disse que eu precisava de ajuda? Da sua ajuda? Ai, esse meu orgulho, sei não! (risos tímidos). Ao mesmo tempo, tudo foi tão delicado. Expressões de cuidado que revelam mais do que palavras possam falar da alma do outro. Dois anos se passaram. Continuo comendo tapioca e me sujando. Continuo sendo um menino-homem que ri, chora, faz birra... e continuo sendo cuidado por esse homem lindo que chega aí, abrindo o portão com uma pizza na mão dizendo: “Amor, me ajuda!”

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Olhar para você...

Olhar para você não só alimenta minha alma, minha sede de felicidade. Hoje, olho para você e lembro do começo, do primeiro dia, da primeira vez em que te vi. Engraçado porque quando vi você não escutei música, som de estrelas no céu... nada de acordo com os filmes românticos de sessão da tarde. Mas quando meus olhos encontraram os seus, senti algo diferente. Você não estava dentro “dos meus padrões de beleza exigentes para um rapaz solitário”, porém, você - como o amor nasce no inesperado e no silêncio do cotidiano (eu já disse isso, mas não canso de dizer “o amor nasce no silêncio do cotidiano” – risos), foi chegando, foi conquistando-me a cada sorriso, a cada olhar, a cada palavra, até mesmo a cada silêncio. Logo eu que falo tanto, mas “os seus silêncios” tem o poder de me desarmar, me desnudar. Hoje, pegar na sua mão e saber que não estou só, saber que tenho alguém ao meu lado para apoiar-me nos momentos mais difíceis, faz-me pensar que valeu a pena esperar. Contudo, ainda me pego pensando. Onde você estava que não te vi antes? Por que você me deixou só, me deixou “sem você” durante tanto tempo? Hoje, você olha para mim, beija-me, sorri e diz: Eu não te deixei só nem esperando, eu apenas estava aqui, você que nunca me viu! Então, foi preciso esperar para que você estivesse pronto para me enxergar!

sábado, 13 de outubro de 2012

Psiu! Ei, ei, calma!

Você me diz cada coisa! Dá vontade de rir… e, às vezes, de chorar também. (Quer mais um copo?) Sabe por que digo isso? Eu estava me lembrando do dia em que nós começamos a namorar. Você me beijou sem eu esperar. Sem esperar você entrou em minha vida, ne? Logo eu, tão decidido, tão certo de tudo e de todos. Pela primeira vez, acredite, alguém se decidiu por mim de maneira assim tão decidida! (Enquanto conversamos, você fica alisando minhas costas – adoro esse carinho, e você sabe!) Eu me lembro de que eu me sentia moderno, livre e pela primeira vez recebi flores de um homem. Pela primeira vez alguém me disse, baixinho, mas na frente de outras pessoas – e isso fez aquela frase parecer um grito- “I Love you”. E depois dessa “vergonha”, pois eu não sabia lidar com isso ainda, eu comecei a falar, falar… e você sorriu. Daquele jeito que só você sabe fazer! (Você sorri!) Sim, desse jeito, agora! Você sorriu, colocou o dedo em minha boca e disse: “Psiu! Ei, ei, ei, calma! Por que o medo? Por que tudo isso? Eu já me decidi por você. É isso o que importa. Não importa se você vai gostar, aceitar. Não importam os outros. O importante é que eu me decidi por você antes mesmo de decidir por mim mesmo. Decidir ser cura, ser alívio, ser bálsamo para as suas cicatrizes. Sim, sei que você tem dores. Eu também tenho as minhas. Mas hoje, elejo as suas, como alvo de meu amor. Deixe-se amar, menino! Eu estou aqui e isso é o que importa!” Você, calado continua. Mas me abraça, chega bem perto. Olha nos meus olhos – e eu mergulho na imensidão desses olhos cor de mel – e me diz: “Eu escolhi você porque o seu amor é imperfeito. E eu cansei de amores perfeitos, cansei de ilusões. Na verdade, cansei de lutar com espelhos. Hoje, quero a doce certeza de estar ao seu lado para juntos errarmos a cada batida do nosso coração. E, assim, verter cada erro em aprendizado, em história, em verdade, em amor – somente eu e você! Deixe-se amar, repito, isso é tudo!” Escrito por Luiz Carlos Filho em 19/07/2012 ouvindo “A thousand years”.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sou contrário.

Sou música para relaxar. Sou música para dançar. Sou estalo de dedos e embalo do corpo. Sou sorriso no canto da boca. Sou gargalhada de alegria com dores na barriga. Sou alegre de manhã e também sou abusado durante a tarde. Sou espaçoso, mas também sou quieto. Sou misto de dor e de alegria. Sou calmo, mas também ansioso. Consigo guardar segredos e falar baixinho, amo conversar e falar alto, às vezes. Sou contradição. Sou coerência. Sou cheio de imperfeições e contrastes. Sou contrário. Também sou avesso e o lado certo. Mas qual o lado certo? O que é certo? Sorry, não tente me enquadrar na sua caixinha de rótulos. Eu sou feliz por ser essa mistura de mim mesmo que se surpreende a cada manhã e a cada noite. Um pouco de mim, você já deve ter, pois um pouco de ti já tenho, justamente, porque você entrou em minha vida e viu isso: me viu assim, sem roupa, sem pêlo, sem pele... você viu a alma. Viu? Então, veja logo. Porque daqui a pouco eu me reinventarei!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fazia tempo que...

Fazia tempo que não escrevia. Na verdade, fazia tempo que não parava para refletir, para olhar aqui dentro, para acessar sentimentos, desejos... é fazia tempo... Acredito que me faltava tempo. Tempo? Não dizem que ele é questão de prioridade? Humm, então não era o tempo. Faltava inspiração. Inspiração? Isso é tão subjetivo para ser “culpa” da ausência de escrita. (...) Faltava, então um sorriso que me conquistasse, faltava um olhar sincero, meigo, e ao mesmo tempo, penetrante; um olhar que soubesse dizer aquilo que eu mais queria escutar... faltava-me seu olhar. (...) Faltava um toque. Suave, porém preciso, determinado. Um toque generoso, cuidadoso, um toque que tivesse o poder de me escolher e atingir um local bem aqui dentro, no silêncio dos meus desejos e me fizesse escolher ser tocado por você. (...) Faltava um perfume. Um fragrância. Algo parecido com o cheiro de terra molhada. Faltava algo único e específico. Faltava o seu cheiro (...) Voltei a escrever. Descobri o motivo. Faltava você! Aqui, perto e longe, teimando em brigar com a ciência e metafísica, dizendo-me que quem estar perto nem sempre está do lado, no entanto, está do melhor lado, do lado de dentro. Faltava você do meu lado. Bom que você chegou! Pode entrar!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O girassol...

Eu estava em casa. Arrumando as malas para mais uma viagem a trabalho. Francisco entra no quarto e fala: “-Papai, o que é estar apaixonado? Acho que estou amando!” Depois do susto, retruquei: “- Vá falar com sua mãe! Eu to ocupado demais para responder a essas perguntas”. Francisco saiu cabisbaixo, mas curioso, insistente em descobrir difícil resposta. Ah, Francisco tem apenas 10 anos. “-Mãe, o que é estar apaixonado? Acho que estou amando!”. “-Menino, que conversa é essa? Você não tem idade pra isso não, oxe! Vá fazer a tarefa de casa!” No dia seguinte, Francisco sai com uma dessa: “-Mãe, a senhora sabia que a semente de girassol é usada como biodiesel?” – “-Que lindo filho! Tão inteligente!” “-Aprendi na aula de ciências de hoje. Estudamos o girassol. E ele me respondeu o que a senhora nem o papai quis me dizer ontem” – O que foi?” “O girassol me ensinou o que é estar apaixonado. Mãe,o girassol tem esse nome porque ele sempre está voltado para ‘olhar’ o sol. Assim, acontece quando a gente ama. Nossos olhos ficam voltados para a pessoa amada o tempo todo. E assim como o jardineiro precisa regar as plantas, adubar, ter um cuidado repetitivo e constante para as plantas crescerem e ficarem bonitas; com o amor acontece a mesma coisa. O amor não nasce da hora para outra. Ele vai crescendo como num jardim. O amor é feito de pequenos cuidados constantes: sol, água, sombra, adubo, alegria, carinho, atenção… Mãe, e é isso que sinto pela Renata, meus olhos se voltam sempre para ela, como se ela fosse o sol para mim”. Depois disso, saí calada da sala. Pensei que as aulas atualmente estão muito modernas. Ou, então, meu filho, realmente, está amando aos 10 anos. E dando-me lições. Bem, resolvi amanhã mesmo começar a cuidar do meus jardins: o exterior e o interior.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Você pegou na minha mão...

Final de tarde. O sol sorrindo me dando adeus. A lua chegando de mansinho, sorrindo, também, me dizia “oi”. Andávamos pela cidade. Pessoas conversando. Casais comendo pipoca. Crianças andando, brincando. Mães conversando. Pais rindo. Jovens andando de skate. Outros sentados no chão conversando, rindo. Um ar de alegria envolvia aquela pedacinho da cidade. E por incrível que pareça eu não sabia o que ainda iria me acontecer (risos tímidos). Bicicletas passam por nós. Uma jovem, sozinha e, talvez, um pouco triste tocava violão. Escuto a nossa música: “Você que tanto tempo faz, Você que eu não conheço mais, Você que um dia eu amei demais, Você que ontem me sufocou, De amor e de felicidade, Hoje me sufoca de saudade...” Música que se tornou minha e sua, depois da nossa briga, depois do tempo que demos um ao outro. Depois da solidão que decidimos abraçar em vista do orgulho de abraçar um ao outro. Escutei a música, olhei para você e você pegou na minha mão... Engraçado como um gesto tão simples pode nos devolver a condição de filho, de amado, de pertença. Naquele exato momento, entendi porque a mãe aconchega o filho no colo; entendi porque os contratos são feitos com apertos de mãos; entendi o abraço dado através do toque de uma mão entre os namoros proibidos. Ah, apertos de mãos que dizem mais do que um acordo fechado. Entendi e lembrei que na nossa briga, foi você quem primeiro estendeu a mão (é, meu orgulho não deixou eu fazer tal ato). Sua mão me alcançou primeiro no coração, no gesto de cuidado, de afeto, para depois encontrar minha mão e meu corpo. Hoje, segurar sua mão é ter a certeza de que te amo não por mim, ou até mesmo, por você, te amo porque você soube me ensinar a ser corajoso e escolher o amor a dois em detrimento de uma mão só vagando pela cidade tão bela, mas que não conseguia ser feliz, por não ser aconchego na mão do outro.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Gosto de saudade...

10 horas da manhã. Um trânsito infernal. O sol brilhava forte, poderoso sobre todos nós. A praça no centro da cidade estava repleta de gente. Todos passavam com pressa. Era possível ver camelôs, criança chorando segurando a barra da saia da mãe. Executivos falando ao telefone. Jovens apaixonados andando de mãos dadas e trocando palavrinhas carinhosas (aquelas palavras bobas e infantis que só usamos quando estamos apaixonados). Também vi rostos tristes, preocupados, tensos... Os pássaros estavam no chão da praça. Os pombos, na verdade. E eu me perguntando se isso não é uma cena de filme de Wood Allen (risos tímidos). Eu? Eu estou aqui em plena praça da cidade. Parei para comer saudades! Isso mesmo! Comprei um algodão doce. E pude experimentar o gosto da saudade. Saudade da infância. Saudade da comida da vovó. Saudade dos braços de minha mãe. Saudade da cidade pacata, do carrinho de algodão doce. É interessante como algumas situações, coisas, objetos, pessoas... sei lá, têm o poder de nos remeter ao interior de nós mesmos. E lá, num recôndito só nosso, encontrarmos o cheiro, o gosto da saudade, do lar, do aconchego... De repente, o celular toca. Acordo das minhas reminiscências e... Vejo seu nome. Você me liga. Wow! Sentimentos de saudade e você, depois de uma semana me ligando. Depois de uma semana sem nos falarmos, sem nos vermos. Sem notícias, sem mensagens, sem e-mails. Por um momento, acreditei em sinal de fumaça ou em pombo correio. Mas não tive notícias alguma. E agora, essa ligação no meio de um êxtase de saudade. Atendi a ligação e confesso: ouvir você, sua voz dizendo o meu nome foi o melhor de uma sexta-feira em pleno centro da cidade. Foi como prolongar o êxtase do algodão doce com um êxtase longo, fininho que se vai bem devagar, mas que fica marcado no canto da boca com um sorriso e uma luz nos olhos capaz de causa inveja a qualquer estrela.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Querido diário...

Querido diário, Droga! Prometi para mim mesmo que nunca escreveria em um diário. Ou nunca escreveria “querido diário”. Tudo bem, eu também prometi para mim mesmo que não te amaria. E fui pego de surpresa pelo destino quando te vi. Acho tão infantil, imaturo, tolo fazer diário. Mas, é assim mesmo, já dizia algum poeta, amar nos faz infantil porque nos devolve a inocência perdida da infância. Sendo assim, voltando ao diário, escrevo porque você não está ao meu lado. Está ausência invade o meu quarto e me faz mais fraco a cada dia. Então, esse relato é uma forma de diminuir a distância que nos separa. Escrever é como uma ponte que me leva até você. Sei que o natal se aproxima. Não sei se você estará ao meu lado nessa noite mágica. Por isso, quero aproveitar o momento e expressar o que sinto por ti. É interessante perceber que seu amor me faz sentir-me em casa. Sim, porque esse amor tem cheiro de café da manhã, tem gosto de pão assado… enfim, tem sensações de simplicidade. Simplicidade aconchegante como casa de pai, como colo de mãe. Lembro-me do primeiro dia que te conheci. É… gosto de lembrar-me disso. Afinal, as lembranças acendem o sentido daquilo que nunca deve deixar-se esquecer. Eu estava escrevendo um texto e você, como membro do grupo, ousou me corrigir. Sim, ousou me corrigir. Na hora fiquei com raiva. Pensei: “que audácia”. Era muito orgulho para pouco corpo. (Risos tímidos). Hoje, percebo como você me ensinou a ser uma pessoa melhor por aceitar meus erros. Fico pensando quando foi o primeiro dia que te amei. Entretanto, não acho resposta. Porque o nosso amor foi construído no silêncio do cotidiano. Por isso, hoje, posso dizer: eu te amo pelo que você é. Não pela sua beleza ou pelos seus bens. Ouso dizer, ainda, que te amo pelo que você é longe de mim. Sim, porque seria fácil te amar pelo que você é estando comigo. Porque seria como amar um reflexo. Mas te amo porque longe de mim você é livre para ser você mesmo. Sendo assim, eu posso olhar e perceber porque te escolhi. Te escolhi porque você é diferente de mim. Porque você é melhor do que eu. Não! Isso seria egoísmo da minha parte. Te escolhi porque como num quebra-cabeça, você é a peça que se encaixa em minha história de dor, de solidão, de vazios. Agora, contemplo que no meu coração ainda há uma falta. Mas não quero essa falta preenchida. Pois é a falta do amor-perfeito. Amor que idealizei tantas vezes. Porém, você insiste com seu jeito manso de me ensinar que amor perfeito é uma flor. Enquanto, você é uma realidade para mim. Realidade que parece uma flor, pela beleza e delicadeza, mas que também é firmeza ao encerrar-me no teu peito e dizer-me: “estou aqui! Te amo. Vai dar tudo certo!” Com amor e saudade, A outra peça do quebra-cabeça de nossa história!

domingo, 29 de julho de 2012

Mas vi tanta coisa...

Domingo. Dia meio nublado. Porém, não havia chuva. Fui passear no parque, como de costume, com meu cachorro. Andava. Sério. Calado. Sentindo um pouco a brisa tocar meu rosto. Uma alegria visitava-me. Mas logo minhas preocupações surgiam como verdadeira anfitriã de minha mente, expulsando para longe todo o contentamento. Sentei no banco. E fiquei a observar as pessoas ao redor. Casais abraços, sentados na grama, como num filme de Love story. Crianças correndo, brincando. Pai abraçando filho. Mãe acalentando bebê. Parecia estar num comercial de margarina ou de leite longa vida. Mas longa era minha tristeza, solidão ou desânimo, sei lá o quê. De repente, uma cena me desperta. Olhei para você. De longe. Mas vi tanta coisa. Você estava com a roupa um pouco molhada. O que me intrigou, pois não havia praia ou rio por perto. Você estava sentado naqueles balanços de criança do parque. Seus cabelos meio molhados, cacheados; a barba por fazer; uma camiseta branca; uma bermuda azul; descalço. Descalço da dureza da vida. Descalço das preocupações cotidianas. Você me atraía por transmitir tanta espontaneidade, sinceridade e simplicidade naquele jeito de ser. E o seu sorriso? Largo, efusivo, radiante. Envolvia qualquer um com tamanha alegria. Foi aí que entendi que o fato de você estar num brinquedo de criança revelava nada mais do que seu espírito leve e solto de ser. Um homem com jeito de menino. Não seria esse o segredo da maturidade? Não sei bem ao certo, mas foi esse o segredo do seu encanto ter me tocado. De repente, meu cachorro vê algo e sai correndo. Como estava atento a você. Fácil o cachorro escapou. Fácil vi o cachorro correndo pelo parque. Difícil era sair daquela situação que para mim era vergonhosa: correr atrás de um cachorro em pleno parque por um descuido meu. O cachorro vai até você e suas amigas. Você se abaixa. Brinca com o cachorro. Sorri. Suas amigas apontam para mim. Começa a chover. E dentro de mim também começa a chover de medo, vergonha ou timidez, pois percebo que vocês vêm em minha direção. Pego o cachorro. Agradeço pelo cuidado. Você dá um sorriso que mescla encanto, leveza, traquinagem, sedução. Balança a cabeça mexendo e enxugando os cabelos cacheados. Suas amigas correm na frente e adentram ao restaurante. Há um desejo de proteger-se da chuva e de comer ao mesmo tempo. Afinal, já era hora do almoço. Você se vira e diz: vamos almoçar? E sorri. Um sorriso largo, cheio de vida, de força, de alegria, de convite. Eu? Fico encantado e me perguntando ao ver você andando a minha frente: Como um sorriso pode esconder tanta força? Pode desmoronar com sua espontaneidade e leveza os castelos da minha razão e do meu saber? Pode. Pois nesse sorriso encerrava-se a doce presença de ser você: um menino-homem que chegou para dizer que a vida pode ser leve como um almoço em dia de chuva.

sábado, 28 de julho de 2012

Espera...

Espera… espera… espera… Olho para a porta. Ela não abre. Você não aparece. A campainha não toca. Espera… espera… espera… Descubro que não gosto de esperar. Na verdade, não sei esperar. Relendo minha vida percebo que gosto de fast food, molho pronto, sopa instantânea, lava rápido… Assim, percebo que na gramática da minha história nunca soube conjugar os verbos: aguardar, esperar, vigiar… Interessante isso! Ao esperar você, percebo o que me dói. Dói ver a verdade: você nunca saiu de mim. Hoje, coincidentemente, eu em casa querendo sair. Porém, o que espero não está lá fora. Está aqui dentro. Nunca saiu. É justamente essa discordância interior que me dói. Tento buscar soluções para aliviar essa angústia. Mas não encontro. Por isso, nunca fui adepto a livros de autoajuda. Eles são muitos rasos para abarcarem a profundeza da incoerência humana, ou melhor, da minha incoerência. Espera… espera… espera… Levanto-me. Não aguento esperar mais. E aprendo mais uma lição: Hoje, entendi que esperar tem a ver com esperanças. E eu não tenho esperanças em você. Por isso, saio de casa. Você? Não sei se vem. Eu? Aprendo esperando que esperanças começam aqui, em mim. Escrito por Luiz Carlos Filho em 17/11/11

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O todo sem a parte...

Ontem te vi passar pela rua. Deu vontade de gritar teu nome! Deu vontade de saltar em teus braços. Deu vontade de dizer que ainda te amo, que ainda sinto sua falta. Deu vontade de fazer muitos movimentos… mas o único movimento foi morder os lábios, chorar e seguir com o carro. É interessante perceber que quando achamos que estamos bem, vem a vida e, CATIBUM, nos prega uma peça. Confesso que estava muito bem sem você, sem te ver, sem lembrar (ao menos tentando lembrar menos!). Acredito que chorei mais ao perceber que as juras de amor foram em vão. E lembrei-me das aulas de literatura onde tal autor dizia: “O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga, que é parte, sendo todo” Nunca tinha entendido esses versos. Mas assumo que eles sempre me chamaram atenção. Ouso dizer que eles me incomodavam. Agora, sem você, que já foi minha parte e meu todo, entendo perfeitamente. O que vivemos foi parte de um amor e foi todo amor para mim. Para você? Não sei se foi! Talvez por isso doa ainda em mim. Recordo-me dos quebra-cabeças que montei. Sempre procurando com ansiedade a pedra ideal, o encaixe perfeito. Errei ao levar esse modelo para minha vida. Pois na vida, as partes que formam o todo não são perfeitas. Mas são belas justamente por dar ao “todo” essa beleza ímpar e diferente de ser mistura, de ser imperfeita. Lembrei-me da minha infância quando minha mãe um dia perguntou o que eu mais queria na vida e eu respondi: “ser feliz!”. Ela assustou-se com tamanha precisão e resposta. Hoje, vejo que fui feliz por completo ao seu lado. Nossa história não foi parte, mas foi “todo”. Sou assim mesmo, intenso em tudo o que vivo e acabo colecionando partes de mim nos corações que amei porque só sei amar o todo da relação. Texto escrito por Luiz Carlos Filho em 10/11/11

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nosso jantar...

Quando olhaste bem os olhos meus, e o teu olhar era de adeus...” Elis Regina cantava na sala. Mas a poesia reverberava por toda a casa. Na cozinha, em frente a pia, eu cortava verduras. Um copo de vinho regava a dor, a alegria, o prazer de estar ali – cozinhando. Sim, estava fazendo o nosso jantar. E o pronome “nosso” nunca teve tanto peso. Nunca foi tão belo, como naquela noite. Eu, afinal de contas, preparava o “nooooosso jantar”. Gostava de falar, de repetir. Parecia um mantra. Elis cantava, eu dançava, eu bebia o vinho e repetia como um mantra “nosso jantar”. O gato passeia pelas minhas pernas. Tomo um leve susto. Sorrio de novo. Ah... a alegria de ser amado. A alegria do “nosso”. Nunca pensei que eu, logo eu, tão egoísta, tão individualista pudesse encontrar aconchego num pronome. Na verdade, o aconchego foi no pronome, no nome, no sobrenome... (risos tímidos). De repente, a porta abre. Você chega. Traz na mão o jornal e um poder de me fazer feliz sem igual. Fico olhando de longe. Fico inebriando-me com o vinho. Ou seria com a imagem? A mochila carteiro, os cabelos cacheados, a barba por fazer, óculos de armação preta, um tênis all star... E constato, teu amor é mais forte do que o vinho, pois olhar para ti é descobrir uma ponte que me leva de mim para ti e de mim para mim mesmo. Você se aproxima. Um sorriso de menino-homem. Você me abraça. Bebemos na mesma taça. Bebemos o mesmo vinho, o mesmo amor, o mesmo desejo... E de repente, sinto suas pernas passeando pelas minhas. Não tomo mais o susto de antes. Pois agora conheço o corpo que me tocas, que me tomas. Tento parar-te. Relembro o jantar, o vinho, o gato, Elis... E digo: “meu amor, tenho que cuidar do nosso jantar”. E você me abraça forte, olha bem nos meus olhos e diz: “esquece o pronome, pois o sujeito que te escolheu para amar-te está aqui. Olha para mim e terás o eco do nosso gravado nos olhos que agora são teus, porque um dia te desejou antes mesmo que você soubesse. Porque te amar é mais importante do que o “nosso” é a construção doeu e você”. Escrito por Luiz Carlos Filho em 27/07/12 ouvindo "Atrás da porta" - Elis Regina.